Às oito horas da manhã
Em pleno 1º de maio
Começa a labuta do cidadão.
Para ele, não tem feriado
Não há outro que garanta seu pão.
Quarentena? Ficar isolado?
Para ele, hoje, tem a reforma do patrão.
Ao fim da tarde
O trabalhador cansado
Se depara com sua próxima missão:
Enfrentar o transporte lotado.
Que descaso esta situação!
Não deveria ser de 2 metros o espaço
Entre um e outro para evitar a contaminação?
Chega em casa
Hoje tem água! Vai para o banho apressado.
Enquanto se banha faz uma oração:
Meu Deus, obrigado por este dia que me foi dado
Por meu trabalho, por minha vocação.
Peço saúde e peço cuidado
Peço ao Senhor que me dê proteção!
Nesse dia que passou
No fim das contas fica um recado
O que para alguns faz sentido
E para mim é uma contradição
Todo dia é dia do trabalhador
E sua vida é sacrificada
Em prol do luxo dos lixo
E para ele não sobra nada.
Todo dia corre o risco
De ter sua vida findada
E aguenta ainda a fala
De alguém para quem trabalha:
Estamos indo bem!
A curva da elite já foi achatada.
E para essa elite é isso meu amigo
Tua vida não vale nada!
Agora, já pensou como seria
No mundo uma virada:
O trabalhador tomando as rédeas
Da própria cavalgada?
Minha força é meu poder
Marcha a classe trabalhadora unida
Sem deixar ninguém para trás
Saia, patrão! Você não intimida!
Chega enfim um novo tempo
Em que devemos escolher:
Vamos manter os velhos termos
Ou fazer algo novo florescer?
Ana Campos